22 de setembro de 2015

Não meça o seu amor no relógio

Crônicas

Há mais ou menos um mês, estava almoçando com uma amiga que, assim como muitos de nós, usa a “régua do tempo” para definir os amores que teve.“Fui apaixonada por Fulano por uns três meses, mas depois passou”, “Que namoro? Aquele de cinco anos?”, “O casamento da minha avó já dura quatro décadas e o meu nem durou quatro anos!”, “Eu quero um amor para o resto da minha vida, seja lá quanto tempo isso vai durar!” Dramática, eu sei.

Mas é impressionante como esse hábito de definir o amor pelo tempo de permanência é comum entre quem está – ou esteve – dentro do relacionamento ou até mesmo fora dele.

Quantas vezes não dissemos – ou pensamos dizer – que o novo romance daquela amiga não poderia ser assim, tão forte, já que ela e o namorado nem tinham um ano juntos? Mal sabíamos nós que, nesse pouco tempo, eles faziam planos de encontros, viagens e realizações. Planos de vida.

Quantas vezes não idolatramos aquele casamento de muitos e muitos anos, no qual as duas pessoas envolvidas sorriem a cada flash nas fotos de família? Mal sabemos nós que, durante todos esses anos, ela se culpa por não ter lutado pelo amor da sua vida e ele, sabendo não ser amado, responde-lhe com desprezo e indiferença. Diariamente, os dois fazem planos, de morte e separação.

Quantas vezes não dizemos a uma adolescente de 15 anos que esse amor pelo coleguinha de classe vai passar? Que é coisa de criança, que ela não tem idade para saber qualquer coisa sobre o assunto e que só o tempo – sempre o tempo – vai lhe mostrar o que é o amor de verdade? Mal sabemos nós o quanto lhe resta de vida, o que vai aprender e, sendo muito ou pouco, nada podemos garantir que aquele amor da infância vai passar ou vai ser substituído por outro maior.

Aliás, o que de fato mede o amor?

Há quem esteja casado há anos e não saiba o que é o amor. Há também quem esteja construindo o amor ao longo dos anos. Há quem teve a sorte de encontrar o amor da sua vida logo de cara, sem sequer ter tido tempo para procurar outros. Há quem, de tão míope, tropece, passe batido e nem veja o amor. Há quem tenha chegado aos sessenta e sequer tenha se deparado com um.

Há  também os que já deixaram o amor escapar pela falta de tempo. Mas quem precisa acordar cedo, dormir tarde, preencher intervalos com papéis, ligações e um pouco de cafeína, não guarda tempo sequer para si mesmo, quem dirá para o amor. Até porque, convenhamos, é preciso ter tempo para o amor.

Tempo que não necessariamente deve ser medido nas horas, meses ou anos nos quais as pessoas passam juntas, mas no que cada um doa ao outro quando estão juntos.

Minha amiga do começo do texto namorou por cinco anos um cara super legal. Doou carinho, atenção, cumplicidade, risos e lágrimas. Acabou, mas foi amor. Agora, ela vai casar com outro cara super legal com quem namora há seis meses. Parece pouco tempo, mas é amor.

Pouco importa o tempo do seu caso/flerte/namoro/casamento. Se o relógio marcar horas de amor, siga em frente. O tempo não mede, mas também não para.

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira
17 de setembro de 2015

Diário de viagem: Romantismo nos pontos turísticos de Santiago

Chile, Viagem

Embora eu seja uma pessoa absolutamente romântica e extrovertida, sou muito reservada quando o assunto é relacionamento e, por isso, passei a semana inteira decidindo a melhor forma de escrever esse post.

No entanto, como pensar muito não é muito o meu forte, resolvi não medir as palavras e escrevê-lo como tudo por aqui: com naturalidade.

Longe de casa, eu não teria a Carol (minha fotógrafa-mor da qual eu senti muuuuuita saudade) e fiquei pensando em como faria as fotos em Santiago para colocar no blog.

Não queria arriscar o meu amadorismo, sabe?! Então pesquisei bastante e, através de uma das blogueiras que mais admiro, a Constanza Fernandez (Futilish), cheguei ao contato do irmão dela, o Patrício, que além de fotógrafo, é guia de turismo no Chile.

Melhor que isso só completando que ele é chileno, ou seja, sabe muito sobre o país.

Patrício e eu trocamos diversos emails e ele me explicou como funcionava todo o trabalho de tour e fotografia. Separamos meu segundo e terceiro dias na cidade para as fotos que, inicialmente, seriam apenas de looks e posts para o blog (vou mostrar tudo, tenham calma! hahaha), mas viraram um verdadeiro registro de amor nos pontos turísticos de Santiago. <3

Primeiro dia:

1 – Plaza de Armas

plaza das armas

Fotos: Patrício Fernandez (@fdzpat)

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2 – Palácio La Moneda

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3 – Calle Nueva York

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4 – Centro Cultural La Moneda

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5 – Mercado Central

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6 – Museo Bellas Artes

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7 – Museo Histórico Nacional

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8 – Parque Florestal

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9 – Cerro San Cristóbal

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Nove pontos turísticos, ou melhor, onze horas caminhando pela cidade num frio de 10/11ºC. Chegamos acabados no hotel, mas foi super divertido! Patrício nos deixou super à vontade e, a cada ponto turístico, foi nos explicando um pouco mais sobre a capital chilena.

Já o segundo dia foi um pouco mais tenso, pois, além do frio, choveu um bocadinho. No entanto, tínhamos um roteiro a seguir e mais fotos para tirar…

Segundo dia:

1 – Museo de La Memoria y Los Derechos Humanos

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2 – Cerro Santa Lucía

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3 – Calles Paris/Londres

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Como a chuva atrapalhou um bocado o nosso tour, Patrício foi super gentil e adicionou um terceiro dia para que conhecêssemos o Parque Bicentenário (as fotos a seguir foram tiradas no sábado, 12 de setembro).

Terceiro dia:

Parque Bicentenário

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Foi a primeira vez que registrei uma viagem com um fotógrafo profissional e achei a experiência muito válida! Sem falar na combinação do tour, que otimizou bastante a nossa viagem!

Recomendo demais o trabalho do Patrício não só para os casais, mas para grupos de amigos e famílias que estão indo passear em Santiago.

E aí, gostaram das fotos?

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira
10 de agosto de 2015

Sobre namoros impedidos de liberdade

Crônicas

Mês passado, chamei uma amiga para ir ao cinema. Fazia algum tempo que não nos víamos e eu estava com saudades da alegria e da espontaneidade que só ela tinha ao sair do cinema. Após dois segundos de silêncio ao telefone, ela me responde meio sem jeito: “Vou ver com Fulano. Se ele quiser ir, eu vou”.

Não precisa ser mestre em análise do discurso para entender essa frase, mas de toda forma vou esmiuçá-la. Ao fazer um convite a alguém, você espera duas respostas, sim ou não. A negativa, contudo, pode ser justificada. O que não se espera é que a sua resposta dependa da vontade de uma terceira pessoa, sendo você maior de idade e capaz. A frase foi clara: ela só iria se Fulano quisesse ir e Fulano, que eu nunca vi, obviamente, não foi convidado.

Perguntei se ela só iria se ele fosse e, como resposta, “É que ele não gosta que eu saia só, Jéssica. Você precisa entender…”

Impossível.

Poderia ser somente ela, mas conheço inúmeras pessoas assim. Pessoas que deixam suas próprias vontades nas mãos de outras. Pessoas que amavam fazer determinadas coisas e que, ao entrarem num relacionamento, mal dão um passo desacompanhadas porque o outro não quer ou não gosta. Pessoas que precisam comunicar – e aguardar permissão – para ganharem nada menos do que aquilo que passaram a vida tentando conseguir: liberdade.

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Ilustração: Lidia Puspita

Não sei se foram as decepções de muitos amigos ou a minha personalidade forte, mas o fato é que, para mim, namoro é a união de duas pessoas diferentes que se unem por um sentimento comum: o amor.

Conceito romântico e ultrapassado? Talvez. Mas não mais que se colocar como marionete perante o outro. Sim, porque o outro não pode ser culpado sozinho. Tudo o que ele faz é consequência das portas entreabertas que alguém deixou. E se deixou, meu bem, uma hora a poeira vai entrar.

Vai entrar para diminuir, ofuscar ou amedrontar. Vai entrar levando inseguranças, afastando vontades, motivações, prazeres e amizades. Quando você menos esperar, mal vai se reconhecer em meio a tanto pó.

Namorar é uma delícia! E, para ser assim, é preciso estar disposto a entender o outro, a aceitar as diferenças e compreender que a bagagem dele tem pesos e medidas diferentes dos seus. Afinal de contas, cada um carrega espinhos e flores dos caminhos pelos quais já passou…

E, para continuar a trajetória, tope cinemas, festas, confidências, viagens, shows, pipoca, futebol, videogame… Tope viver, independente de quem quiser ir com você.

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira