05 de abril de 2018

Buenos Aires: o que eu fiz de mais legal na cidade do Tango

Viagem

Buenos Aires foi a primeira cidade que conheci fora do Brasil, lá em 2013, num intercâmbio de um mês. Foi uma experiência tão intensa, cheia de descobertas, bons sentimentos e pessoas me ajudando, que é impossível não nutrir um carinho imenso por esse lugar.

Tanto que voltei lá outras duas vezes – uma em 2014 e outra agora em 2018 – e, nessas idas e vindas, dentre erros e acertos, acho que estou apta a compartilhar o que eu fiz de mais legal na cidade do tango, né?

buenos aires - obelisco

E, aqui, o ” mais legal” se refere a tudo aquilo que funcionou pra mim, dentro dos meus gostos e necessidades pessoais, tá?!. Pode ser que algumas coisas não funcionem pra você, mas funcionem para um amigo…  A ideia é sempre filtrar aquilo que se encaixa dentro da viagem que você quer fazer!

Buenos Aires: hospedagem, transporte e localização

Como das outras duas vezes fiquei em casa de família (a família que me recebeu no intercâmbio), foi meio curioso me ver perdida e ansiosa decidindo onde ficar em Buenos Aires.

O fato de conhecer grande parte dos pontos turísticos já me dava ciência de que ficar no centro não era uma boa ideia. Embora seja rentável nos deslocamentos durante o dia, quando o turista quer ver grande parte das atrações, é uma localização bem limitada à noite no quesito diversão (bares, boates, restaurantes) e a economia não compensa MESMO.

Assim, escolhi o Be Hollywwod Boutique Hotel, que fica em Palermo, um bairro charmosinho, arborizado, com inúmeras opções gastronômicas, próximo aos principais points noturnos da cidade (e estamos falando aqui de uma cidade com uma vida noturna mundialmente respeitada, hein?!).

buenos aires - hotel be hollywood

Sobre o hotel, gostei bastante da localização, do atendimento de todos os funcionários, do quarto e do café da manhã, que era tipicamente argentino, mas supria completamente minhas necessidades  (não espere diversidade de um café da manhã em Buenos Aires. Em resumo, são pães, medialunas, sucos, cereais e doces. A cultura deles é essa e você come sua variedade de frutinhas quando voltar ao Brasil, tá?!).

Minha única ressalva ao hotel foi quanto a um pré pagamento no qual eles bloquearam o valor da minha primeira diária no cartão de crédito – “por questões de segurança” –  mesmo eu tendo efetuado o pagamento inteiro na chegada…  Não vi justificativa, argumentei veementemente e eles desbloquearam o valor.

Valeu muito a pena e se você tiver interesse em se hospedar por lá, sugiro que faça sua reserva diretamente com o hotel, pois as tarifas podem sair MUITO mais baratas que as do Booking.

Saiba como cancelar sua reserva não-reembolsável

A rede de transporta público do bairro não é tão extensa quanto a do centro, mas dá para fazer muita coisa de ônibus e metrô (ah eles são gratuitos para pessoas com deficiência, basta apresentar um documento que comprove a mesma). Além disso, as corridas de táxi não são tão caras e já há disponibilidade de Uber na cidade (em processo de liminar, mas funciona muito bem).

Se você tem medo da má fama dos taxistas argentinos, tenha calma e leia esse post sobre os táxis na Argentina e a lenda do assalto a turistas (é antiguinho, mas vale para 2018).

Buenos Aires: otimizando tempo – e dinheiro – com o Bus Turístico

Sempre acho que o Bus Turístico é uma excelente opção para otimizar tempo – e dinheiro – em Buenos Aires. Além de conhecer num único passeio um pouco da história da cidade e alguns dos seus lugares mais disputados, você ainda consegue se situar facilmente na segunda maior região metropolitana da América do Sul.

buenos aires - bus turístico

Valores em março de 2018

Em março de 2018, a passagem para um tour de 24h estava custando AR$ 670 por adulto  (mais ou menos R$ 110 – pessoas com deficiência não pagam) e, com ela, você pode subir e descer em quantos pontos quiser dentro do prazo estabelecido.

Particularmente, não acho válido descer em todos os pontos, mas sugiro conhecer a fundo alguns deles, tais como:

  • Casa Rosada e Teatro Colón: valem as vistas guiadas . É uma verdadeira aula de história, política, cultura e economia, que lhe possibilitaa compreender a Argentina além dos livros do Ensino Médio. Pelo que entendi, as regras de visitação à Casa Rosada mudaram com o novo governo, então é bom dar uma olhadinha no site oficial deles.
buenos aires - casa rosada

Euzinha na Casa Rosada em abril de 2014

  • Feirinha de San Telmo: Acontece aos domingos e é um passeio que vale pela diversão de ver tanta gente reunida e pela famosa foto no banco da Mafalda, que fica em frente á casa onde o cartunista Quino morou por anos. Tem desde ímãs de geladeira a jaquetas de couro. É o lugar ideal para comprar aquelas lembrancinhas pros parentes ou amigos mais chegados;

buenos aires - san telmo mafalda

  • Caminito: Vale pelas fotos e pela originalidade do lugar, mas nem gaste muito do seu tempo ali. É um pega-turista de primeira;

buenos aires - caminito

  • Bombonera: mesmo que você não entenda absolutamente nada de futebol, tipo eu, vale a pena experimentar a visita guiada. Se você tiver a sorte de pegar um bom guia, descontraído, animado, vai ser uma das melhores recordações da sua viagem. A história do estádio – e de toda a disposição de torcidas, arquibancadas e vestiários – é bem interessante :)

buenos aires - bombonera

  • Puerto Madero: apenas vá e contemple hahaha porque a vibe daquele lugar é tão maravilhosa que eu não tenho nem adjetivos para descrever;

buenos aires - puerto madero

  • Bosques de Palermo: Um espaço altamente arborizado, com ciclovias, gente caminhando, correndo, andando de patins, de skate… Ideal para quem gosta de contemplar a natureza, ler ao ar livre, conversar com os amigos e pensar na vida (ixe, deu saudade agora)

Sei que muita gente vai me perguntar pelo Café Tortoni e o Cemitério da Recoleta, mas nunca senti necessidade/curiosidade de ir ao Tortoni (se você já foi, conte nos comentários co que achou) e não vejo qualquer fundamento em promover turismo num cemitério, então nunca nem pisei lá. Ah, para quem gosta de jogos, tem o luxuosíssimo Casino Puerto Madero, que eu fui por folia na segunda visita à cidade, mas não gostei. Achei tumultuado e barulhento demais, uma agonia só.

Fora da rota

Se é para ver algo de Eva Perón, indico de olhos fechados o Museo Evita, que não está no percurso turístico, mas é uma preciosidade em todos os sentidos. Anexo ao museu, há um restaurante lindo, que eu amo, e cuja comida é igualmente sensacional.

buenos aires - museo evita

Também não estão no percurso turístico, mas são preciosidades:  El Rosedal (um parque aberto, cheio de rosas), Librería El Ateneo (a segunda livraria mais linda do mundo), a  Confitería Las Violetas (o charme dos charmes em cafeteria/doceria/restaurante fofo) e o Planetário (vale muito, muito, muito!).

Buenos Aires: as melhores mini excursões

Fora do centro histórico de Buenos Aires, existem alguns passeios que eu acho super legais. O Delta do Tigre (na grande Buenos Aires mesmo) e Colonia del Sacramento, no Uruguai.

O Zoológico de Luján também é muito requisitado – e polêmico. Relatei a minha experiência completa nesse post aqui.

Fiz todos os três com a agência Léo Tur, que é de um recifense que mora na cidade desde 2013 (conheci Léo quando me perdi voltando pra casa na época do intercâmbio e ficamos super amigos desde então ♥). Gostei bastante da seriedade do trabalho dele, dos preços e da honestidade na hora de relatar expectativas x realidade dos passeios. Ele também faz outros passeios e serviços, basta entrar em contato pelo site.

A cidade de Tigre fica na região metropolitana de Buenos Aires – a uns 30 km – e é banhada pelos rios Tigre, Delta e Luján. Na época, fiz o passeio de barco,  saindo de Puerto Madero, e foi uma delícia. Muitos argentinos têm casas de veraneio por lá e , embora a água dos rios seja bem escura, a paisagem é muito fascinante. Em solo firme, dá para conhecer um pouquinho mais da cidade com um ônibus turístico.

Sobre Colonia del Sacramento, trata-se de uma viagem curtíssima de barco (há opções de 1h15min), mas internacional, ou seja,  é preciso levar toda a sua documentação de entrada na Argentina (caso você esteja saindo da Argentina, óbvio). E, do fundo do meu coração, é até pecado fazer só um bate e volta por lá. Passei dois dias na cidade e, de longe, recarregou todas as minhas energias.

colonia de sacramento

Buenos Aires: Cafe de Los Angelitos – o melhor show de tango

Sei que a escolha de um show de tango, sobretudo na cidade do tango, é muito particular, mas eu já fui a algumas das casas mais renomadas da capital Argentina e, sem dúvidas, o Cafe de Los Angelitos é disparadamente a mais charmosa e bem produzida.

busnoe aires - cafe de los angelitos palco

Com direção, coreografia e figurino premiados, o espetáculo dura cerca de uma hora e quinze minutos e retrata toda a evolução do tango (figurino, passos, melodia). Não é nada hollywoodiano tampouco simplório, mas é muito marcante. Eu, como sou apaixonada por detalhes de figurino, sou apaixonada mesmo. ♥

buenos aires - tango

Meu look para ir ao tango :)

O salão fica ao fundo do Café de los Angelitos, inaugurado em 1890 pelo italiano Bautisto Fazio e que se tornou ponto de encontro entre “compadritos” nos fins do século XIX. Nele, há uma galeria com 350 fotos de época.

buenos aires - cafe de los angelitos

Espetáculo LINDO!

Há a opção de o cliente assistir apenas ao show ou desfrutar do cena show (jantar + espetáculo). Obviamente, escolhi a opção com jantar, né? hahaha Entrada, prato principal, sobremesa, vinho (ou cerveja) e água mineral, tudo feito com qualidade. (R$ 250 o cena-show com transporte de ida e volta já incluso).

Como já estive na casa três vezes, posso dizer que senti uma certa “pressa” na entrega dos pratos desta vez. Não sei se devido à casa lotadíssima neste dia ou se houve algum atraso na execução do serviço, mas o fato é que  deu tudo certo.

Também fiz a reserva do show com o Léo, que queria porque queria que eu conhecesse o Madero Tango, mas vai ficar para uma próxima vez… hahaha

Buenos Aires – meus bares e restaurantes favoritos

Impossível começar essa parte do post sem me lembrar dos ridículos dez reais que eu paguei numa garrafinha de água numa hamburgueria que nem gourmet era! Eu estava morrendo de fome, sentei num restaurante aleatório sem nada demais e quase morri quando vi a conta praticamente gritando “Toma, distraída!” kkkkkkkk Relevem, é um trauma que vai passar no dia em que eu for a Noronha, mas vamos lá:

  • Restô Evita: anexo ao Museo Evita, é uma lindeza de lugar e oferece menu executivo de segunda a sexta, com entrada, prato principal, sobremesa e bebida. Vale a pena para quando for visitar o Museu;
  • Confitería Las Violetas: Para um lanche ou um chá no final da tarde. É disputadinho, mas vale pelo charme do local e a comida, que é muito boa e bem servida.
  • Waffle’s House: Ficava pertinho do meu hotel e, além de comidas deliciosas, é um lugar lindo! Foi uma amiga super querida que me levou pra lá nesta última viagem (oi Inês! ♥) e eu adotei. Tem promoção de brunch e merienda de segunda a sexta :)
buenos aires - waffle's house

Foto: Artur Ziguratt

  • Cabaña La Lilas: fica em Puerto Madero e é considerado o melhor da cidade no que se refere à carne. Eu o conheci por indicação de um professor, em 2013, quando ainda não era turístico e, com toda sinceridade, faz jus à fama que tem. Atendimento excelente, dúvidas iradas com paciência, carne deliciosa e vista linda (fique na parte de fora!). Se você come de forma moderada, a meia porção das carnes serve bem duas pessoas.
  • La Cabrera: Ideal para experimentar uma parrilla de qualidade e acompanhamentos gostosos num ambiente mais intimista (embora turístico).
  • Frank’s: É um bar secreto (ou era rs) com acesso exclusivo por senha, que é discada num telefone que fica na entrada do local. Da primeira vez que fui, achei estranho, tenso, tipo “Meu Deus, vou ser presa” kkkk, mas a pessoa que me levou me garantiu segurança total, então fui e entrei no que eu chamo de “paraíso da noite portenha”. Por muitos anos, foi eleito melhor bar da América Latina, ou seja… OU SEJA….
buenos aires - franks

Foto: Frank’s bar

Com uma equipe de barman/bartenders de primeira qualidade hahaha ,tem diversos drinks deliciosos, comida e música boas (eu só vou a bares que tenham comida, né?).

Para não correr o risco de ficar de fora  (os seguranças não deixam mesmo entrar sem senha), eles disponibilizam durante a semana no Facebook algumas pistas para a senha de acesso, que você pode validar antes de sair de casa.

Sobre boates (boliches por lá), gosto da Rosebar e da Kika, mas não é o tipo de coisa que eu curta tanto (fico tonta demais com os jogos de luz), então não me dediquei a analisar esse item…

Buenos Aires é uma delícia de cidade. Grande, mas com uma infraestrutura bacana, acessibilidade e mobilidade urbana, o que torna ttudo muito mais fácil.

Se você já visitou a cidade, conte aqui embaixo o que achou de mais legal também. Vou adorar conhecer outras dicas! ♥

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira
19 de março de 2018

El Ateneo: um look do dia na segunda livraria mais linda do mundo

Look do dia

Os livros sempre foram muito presentes na minha vida. Desde pequena, gosto dessa reunião de páginas que nos transporta a outros universos, que nos engrandece, que passa de mão em mão e proporciona experiências incomparáveis a cada um de nós.  Gosto da imortalidade das histórias e de imaginar as entrelinhas de cada escritor ao colocá-las no papel. Aliás, gosto do cheiro do papel e e do prazer embriagante ao final de cada leitura. ♥

Assim, seria quase impossível voltar a Buenos Aires e não registrar a minha passagem por uma das livrarias mais linda do mundo, El Ateneo Grand Splendid.

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Fotos: Artur Ziguratt

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el ateneo (9)A livraria, na verdade, funciona no antigo Teatro Gran Splendid, construído em 1919 e fechado no finalzinho do século XX, depois de também ter funcionado como cinema e estação de Rádio, ou seja, uma referência da arte e da comunicação na cidade, que reúne o maior número de livrarias em todo o mundo! ♥

Em 2000, o teatro foi vendido para o Grupo Ilhsa, que detém a rede El Ateneo e Yenny, sendo transformado nesse lindo cenário visitado, diariamente, por mais de 3.000 pessoas. =)

Não à toa o meu sonho de fotografar ali, né? E de, obviamente, colocar um look lindo combinandinho. ♥

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São mais de 35 mil exemplares reunidos em prateleiras que, pelas fotos, fazem brilhar os olhinhos de qualquer apaixonado por livros.

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Lendo a Mafalda, personagem argentina que é um clássico mundial e que foi objeto de estudo no meu meu mestrado <3

Escolhi um vestido midi (AMO) com estampa floral bem delicadinha e, para quebrar um pouco a obviedade, coloquei uma blusa preta por cima (sim, é uma blusa e um vestido hahaha) e dei um nó. Ouuuutra roupa, gente!

Nos pés, uma sandália com salto baixinho e super confortável para caminhar pelas inúmeras prateleiras da El Ateneo – e pela cidade depois das fotos.

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Mas o charmezinho mesmo ficou por conta da chocker clarinha que já vem com um colarzinho e dá um toque todo especial à produção.

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el ateneo (6)Ah, a livraria conta ainda com uma cafeteria linda  que funciona onde era o palco do teatro. Inúmeras pessoas sentam lá e ficam lendo por hooooras, um hábito argentino que eu amo ver, sabia?

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Em 2008, El Ateneo Grand Splendid  foi eleita pelo jornal britânico The Guardian como a segunda livraria mais linda do mundo, perdendo apenas para a Selexyz Dominicanen Boekhandel, na cidade holandesa de Maastricht.(Um dia, quem sabe, trarei comparações hahaha)

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Sem dúvidas, El Ateneo foi um dos lugares mais lindos – e mais originais – em que pude ser fotografada. Sem falar no momento especial em que fui a Buenos Aires, né? Apresentar meu trabalho sobre a Mafalda, na casa da Mafalda e para o povo da Mafalda. <3

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Se você estiver planejando uma viagem a Buenos Aires, não deixe de conhecer El Ateneo Grand Splendid.. É uma oportunidade ímpar para ter um dia lindo e, claro, fotografar nesse cenário que é – e sempre foi – um espetáculo.

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El Ateneo Grand Splendid

Endereço: Avenida Santa Fe 1860, Buenos Aires, Argentina
Horários de atendimento: segunda a quinta, das 9h às 22h; sexta e sábado, das 9h às ooh;  domingos, das  12h às 22h.

Estou usando:

Vestido: DressTo (vende aqui)
Colar: DressTo
Blusa e pulseiras coloridas: Renner
Sandálias: Dummond

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira
18 de dezembro de 2013

Os táxis na Argentina e a lenda do “assalto a turistas”

Argentina, Viagem

Se você foi ou vai a Buenos Aires, certamente já ouviu inúmeras más histórias sobre táxis na Argentina, sobretudo no que diz respeito ao repasse de notas falsas a turistas. Parece mentira, mas a primeira coisa que você ouve quando diz que vai a terras porteñas – até mesmo de quem nunca esteve lá – é: “Tenha cuidado! Taxista lá rouba todo mundo!”

Esse “boato” circula o mundo há quase duas décadas e, claro, como todo boato, tem sua razão de existir. Assim como todo mundo, fiquei com medo, arquitetei planos de fuga, anotei na agenda uns dez telefones de Rádio Táxi, procurei saber como eram feitas as notas falsas … Enfim, incorporei a “lenda urbana portenha” e, ao chegar lá, vi que a realidade é bem diferente do que conta a nossa tão sábia internet.

Já no domingo, quando cheguei, minha hostmother agendou o táxi que me levaria à escola, pois eu tinha que chegar às 8h e não sabia o caminho até lá. Ela me garantiu que a empresa era de confiança e fiquei toda feliz quando vi que a mesma estava na minha lista de “Táxis seguros”.

Às 7h20, o porteiro interfonou avisando a chegada do taxista. Desci e vi um senhor bem simpático me aguardando, que se apresentou como Juan e me perguntou aonde desejava ir. Fomos conversando até a escola e, dentre outras coisas, perguntei se a lenda dos taxistas era verdadeira. Ele deu risada e me perguntou se eu estava com medo de que ele me roubasse! Procurei um buraco pra me enterrar já no primeiro dia, né?! Mas mantive a pose de jornalista (rsrsrs) e expliquei a situação.

Há mais de 42 mil táxis na capital argentina e a espera é menor que cinco minutos!

Ele me explicou (bastante desapontado) que, de fato, esses “golpes” aconteceram entre os anos de 1995 e 2003, quando havia muito fluxo turístico na cidade e alguns taxistas se aproveitavam da euforia dos turistas, adulterando taxímetros e até mesmo repassando notas falsas. Daí o motivo da fama.

Ele me disse ainda que, por conta disso, os turistas são orientados a pegar apenas táxis cadastrados em empresas e evitar os táxis de rua, mas me fez o seguinte questionamento: “Sendo o taxista cadastrado ou não num rádio táxi, você anota a placa do carro, o nome do profissional e o telefone da empresa antes de entrar no veículo?”

Nem eu e, provavelmente, nem você.

Buenos Aires tem mais de 42 mil táxis legalizados circulando pela cidade (dentre rádio táxis e “livres”), todos na cor preta com faixas e informativos em amarelo. E lá os carros rodam sem ponto fixo, ou seja, você sequer demora mais que cinco minutos para conseguir um transporte. O que ele me orientou, de verdade, foi evitar as notas de $100 não pelo troco falso, mas pela escassez de notas pequenas mesmo.

táxis na Argentina
Conheça as notas e moedas argentinas.

Fiz o que ele me recomendou e andei de táxi inúmeras vezes, livre da lista que havia feito e dos medos que a internet me causou. Quando informava o destino, perguntava se o lugar era legal, puxava papo mesmo. Afinal, queria treinar a todo custo meu espanhol, né?! E, assim, dei muitas risadas e ouvi várias histórias de profissionais que ralam diariamente para sobreviver num país em crise. Além de dicas ótimas de passeios, restaurantes e serviços para as minhas próximas visitas. :)

Ah, é bom anotar também as ruas transversais do seu destino. Diferente das cidades no Brasil, em Buenos Aires a direção dada ao motorista deve incluir a rua do local desejado e a mais próxima. Assim, o taxista saberá direitinho se localizar. Com essas informações, você também já pode ter uma base de quanto vai custar a corrida antes de sair de casa. Basta clicar aqui

Procure evitar as notas de $100

Posso ter tido sorte, claro, mas não me deparei com qualquer taxista malandro e acho que, tendo cautela (isso vale para qualquer lugar), não há motivos para tanto desespero. Minha recomendação é sempre andar com notas pequenas na carteira, saber as ruas que cruzam o seu destino e ter em mente que gentileza gera sempre gentileza. Aqui ou em qualquer lugar do mundo!

O único porteño trapaceiro da minha viagem foi um motorista de ônibus torcedor do River Plate, que me fez descer a DEZ quadras do Bombonera! Mas isso é assunto pra um post futuro…

Beijo!

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira