03 de janeiro de 2016

Projeto 52 objetos | aquele de nº 1

52 objetos, Cotidiano

projeto 52 objetos - óculos de grau

O quê: Meus óculos de grau
Por quê: É parte de mim antes mesmo do meu 1º ano de vida
Onde está: Na caixinha dele, na mesinha da TV
De onde veio: Do consultório do oftalmologista e da ótica, oras!

O primeiro objeto do meu Projeto 52 objetos é tão parte de mim que não sei me descrever sem ele ou sem a minha necessidade de tê-lo: meus óculos de grau.

Na verdade, esses são os últimos que adquiri (2007), mas muuuuitos me acompanharam – e foram quebrados – desde os meus oito meses de idade. Sim, meses. Eu uso óculos desde bebê! :)

Quando estava grávida de mim, a minha mãe adquiriu toxoplasmose (uma doença causada pelo protozário Toxoplasma gondii, encontrado em fezes de felinos, de aves e em alimentos mal cozidos) e isso afetou toda a minha retina, fazendo com que eu conseguisse enxergar apenas 20% da visão, já com mecanismos de correção (óculos ou lentes de contato).

No meu caso, trata-se de uma doença congênita que não tem cura e com a qual eu aprendi a conviver desde bebê, através dos óculos. Muita gente me pergunta como é ter “só” 20% da visão, ser deficiente visual, mas, gente, eu nunca soube o que é ter mais que isso! Só sei o que é ter menos (quando tiro os óculos ou as lentes de contato…)! Não tenho referências “melhores”, então não sei mesmo o que responder quando me perguntam isso.

Aos 8 meses, eu usava 1 grau de miopia (para cada olho) e, a cada ano, aumentava mais um (e a coleção de óculos quebrados, claro! hahaha). Aos 17, meu grau estabilizou para o dos óculos da foto: 18 graus, em cada olho. E, dos 17 aos 31, segundo a medicina, é com eles que eu vou conviver pelos (muitos, espero) anos que estão por vir.

Até os 13 anos, quando eu usava 14 graus, meus óculos eram minha companhia diária e inseparável. Mas por questões da adolescência, de estéticas e de peso (28 graus no rosto pesavam MUITO!), eu os substituí por lentes de contato e os utilizo apenas no fim de um dia visualmente cansativo ou nos finais de semana nos quais fico apenas em casa.

Vejam… eu não veria o menor problema em sair de casa com óculos “fundo de garrafa”. É  uma necessidade minha e eu nunca liguei para o que falavam – ou falam – por aí. Acontece que é bem sofrido usá-los, pois pesam bastante na parte superior do nariz e nas laterais do rosto, daí é praticamente impossível usá-los por mais de três horas seguidas.

Acho que meus óculos de grau são, na verdade, meus óculos de descanso! ;)

Mas mesmo diante de tudo isso, sou completamente grata por esses da foto e por todos os que já passaram pela minha vida. Sem eles, eu não faria nada do que fiz e do que faço hoje.

Meus óculos são a prova de que deficiência não é incapacidade, mas sim limitação. E eu ainda quero voltar por aqui para falar mais sobre isso.

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira
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1 comentário
  1. Narla

    E ainda fico admirada de você ter coragem de fazer 2 intercâmbios sozinha. Sou sua fã!