08 de maio de 2018

Li e recomendo: Os quatro compromissos (a filosofia tolteca por Don Miguel Ruiz)

Cotidiano

Foi uma pessoa super querida quem me indicou “Os quatro compromissos”, o livro sobre a filosofia tolteca para o despertar da consciência e da espiritualidade. Confesso que ensaiei um riso incrédulo em meio à sugestão, mas logo me veio o pedido: “Leia sem preconceito, sem análise discursiva e sem colocar todos os seus embasamentos profissionais em primeiro lugar. Apenas leia e me diga o que achou”.

Tive resistência, não vou mentir. Não é o tipo de livro que costumo ler ou que indicaria com facilidade a alguém, mas segui o conselho à risca e, em vez de contar a minha opinião pessoalmente a quem me indicou, acho que algo tão primoroso merecia um post aqui no blog. ♥

os quatro compromissos - don miguel ruiz

Não consegui achar o livro físico aqui em Aracaju, mas vocês podem baixá-lo aqui.

Segundo o autor, Don Miguel Ruiz, os quatro compromissos nada mais são que a busca pela liberdade espiritual na visão dos toltecas, uma civilização que teria vivido há milhões de anos nas cidades mexicanas de Teotihuacan e Tula. Para esse povo, o mundo material em que vivemos não passaria de um grande sonho humano, uma névoa, criado pela mente. Sonho este movido pelo medo, pelas ilusões, pelas convenções sociais às quais já nascemos submetidos., que nos impedem de sermos essencialmente nós mesmos.

(eu sei que parece meio estranho – as dez primeiras páginas são, de fato, meio confusas -, mas o livro aborda preceitos filosóficos e psicológicos  – de Nietzsche  e Skinner, respectivamente -, no sentido de enfraquecer o poder que damos aleatoriamente a impressões externas e de fortalecer o nosso próprio interior. Assim, lembre-se: “Abstenha-se dos julgamentos” que o negócio anda hahaha)

Esse mundo, cheio de julgamentos e condenações, seria composto pelo sonho coletivo (o que a sociedade espera de nós) e pelo sonhos individuais (o que esperamos de nós mesmos, seja por vontade própria ou pelos compromissos que já nos são impostos desde a nossa concepção), que acabam nos “domesticando” (amo esse termo, pois o considero muito certeiro) e nos privando do nosso próprio autoconhecimento.

Para mudarmos esse cenário, precisaríamos acordar desses sonhos, traçando os quatro compromissos que nos libertariam e nos conduziriam a uma vida mais consciente e iluminada.

Os quatro compromissos:
1 – Seja impecável com a sua palavra

Segundo a filosofia tolteca, é o compromisso mais difícil e também o mais importante, uma vez que a palavra é a maior ferramenta que possuímos como seres humanos, a comunicação plena de quem somos.  Até escrevi uma crônica aqui no blog sobre o poder que ela tem. ♥

A sua palavra pode levantar ou derrubar alguém, inclusive você mesmo. Assim, nada mais forte e poderoso do que entendê-la e preservar a sua verdade. Já o pecado, para os toltecas, é aquilo que fazemos contra nós mesmos, a culpa, o julgamento, a nossa autorrejeição. Aliás, para a civilização mexicana, a autorrejeição seria o maior pecado que poderíamos cometer.

Assim, “ser impecável com sua palavra é não usá-la contra você mesmo”. E, infelizmente, é isso que fazemos boa parte do tempo. Julgamos, condenamos, e enaltecemos sentimentos como raiva, rancor ciúmes, inveja… desejamos que o próximo sempre perca, caia, sofra para que nos sintamos acima (de quê?, de quem?) mas nas redes sociais somos todos discípulos do amor, da paz e da cordialidade, né?

Os quatro compromissos:
2 – Não leve nada para o lado pessoal

É tão comum levarmos os comentários alheios para o lado pessoal, né? Passamos a acreditar que o outro está nos observando, nos julgando, prestando atenção em tudo o que fazemos como se tudo fosse sobre nós… Que belo umbigo do mundo que somos, não? rs

A verdade é que, na quase totalidade das vezes, não é sobre nós. É sobre o outro. E tem um trecho muito pontual do livro que retrata esse conceito em essência:

“[…] nada do que os outros fazem é motivado por você. É por causa deles mesmos. Todas as pessoas vivem em seu próprio sonho, em sua própria mente; estão num mundo completamente diferente do que aquele no qual vivemos. Quando levamos algo para o lado pessoal, presumimos que os outros sabem o que está em nosso mundo e tentamos impor nosso mundo ao deles. Mesmo quando uma situação parece pessoal, mesmo que os outros o insultem diretamente, não tem nada a ver com você.”

Assim, o que os outros pensam sobre você é o que pensam sobre eles mesmos e, de todos os compromissos, esse foi o que mais me possibilitou um amadurecimento pessoal, pois eu já sofri muito pensando “no que os outros iriam pensar”, sabe? Hoje, vejo nitidamente que a opinião dos outros (de quem não me conhece) sobre mim nada mais é que um espelho que resolveram colocar diante de si mesmos.

Sabe aquele ditado “Quando Pedro fala de Paulo, sabemos muito mais de Pedro que de Paulo”?. É exatamente isso.

Os quatro compromissos:
3 – Não tire conclusões

Conclusões nada mais são que um reflexo dos nossos pensamentos, dos nossos sentimentos , da nossa história de vida e da nossa perspectiva de mundo. É uma questão individual e que só diz respeito a cada um de nós e que, por isso, não pode ser tomada como verdade absoluta da humanidade.

Tiramos conclusões o tempo inteiro. Julgamos saber o que os outros estão querendo, fazendo  e/ou pensando. Julgamos uma pessoa pela roupa, um livro pela capa, um emprego pelo salário que oferece , um relacionamento pelas redes sociais, a índole pelo discurso e, ao tirarmos conclusões, estamos enviando veneno emocional com nossa palavra, gerando um caos desnecessário.

NOTA: Aqui, obviamente, estou falando sobre conclusões pessoais. Diante de indícios e provas, policiais e jornalistas investigativos podem – e devem – ter o compromisso com os fatos, ok? hahaha

Fazemos compromisso com a fofoca e, para os toltecas, esse é um compromisso de escuridão, de névoa, de desonra à sua própria palavra, gerando um caos desnecessário (é uma das partes mais gostosas do livro).

E uma pauta bem comum para tirarmos conclusões é “relacionamentos”. Eita como “sabemos” sobre a vida alheia pelas fotos do Instagram e do Facebook, né? Como julgamos felicidade na viagem internacional e tristeza na solidão da sala de casa… E mais: como “sabemos” o que o nosso parceiro quer, de fato, apenas com “um olhar apaixonado que nos decifra por inteiro”. Gente do céu… Não sabemos. Ninguém conhece o íntimo de ninguém. Conhecemos apenas o que o outro quer nos mostrar. E isso vale para cada um de nós também, tá?

Não sabemos as condições e os compromissos que os outros fizeram consigo mesmos, então não devemos olhar para essas pessoas com as nossas “lupas”.

“Essa é a maior presunção que o ser humano pode ter.Por isso, temos medo de ser nós mesmos em presença dos outros. Porque achamos que todos estarão julgando, nos vitimando, nos fazendo sofrer e nos culpando, como fazemos a nós mesmos.”

Neste compromisso, Miguel Ruiz ainda fala sobre a questão de ser quem somos para o outro, sem fingimentos, sem jogos, sem máscaras. Aborda o amor próprio de uma forma muito bacana.

Os quatro compromissos:
4- Sempre dê o melhor de si

Para o autor, esse é o compromisso que permite que todos os outros três sejam enraizados. Segundo ele, sob quaisquer circunstâncias, sempre dê o melhor de si. Nem mais nem menos, mas o melhor. Lembrando sempre que o melhor de hoje não é necessariamente o melhor de amanhã.

Quando damos o nosso melhor (em todos os âmbitos da vida, incluindo nós mesmos), aprendemos a nos aceitar. A aceitar os nossos limites e superações. E, com isso, aumentar a nossa consciência sobre nós mesmos.

Dar o melhor não é voltar esgotado do trabalho. Não é fazer uma hora de esteira na academia se você se sente bem com 30 minutinhos. Também não é deixar de fazer algo com medo de arriscar, com medo de errar ou de ser mal interpretado.  Dar o seu melhor não é, sob hipótese alguma,  esgotar o corpo ou a mente.

“Na verdade, fazer o melhor não parece trabalho, porque você gosta do que quer que faça. Sabe que está fazendo o melhor possível quando está apreciando a ação ou realizando-a de uma forma que não lhe provoque reações negativas. Você dá o melhor de si porque tem vontade, não porque precise, nem porque esteja tentando agradar ao Juiz, e não porque esteja tentando agradar a outras pessoas”.

E é incrível como, depois da leitura, começamos a nos policiar para aplicarmos os quatro compromissos no cotidiano, sabe? Minha percepção é a de que começamos a olhar mais para nós mesmos, a nos conhecer melhor e mais profundamente.

Vale muito a leitura. “Sem julgamentos, sem colocar todos os seus embasamentos profissionais em primeiro lugar.” ♥

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira
Escreva seu comentário

* Preenchimento obrigatório. Seu email não será divulgado.
Quer que sua foto apareça no comentário? Clique aqui
Comente pelo facebook
0 comentários