30 de abril de 2015

4 lições de vida que aprendi com a Mafalda

Cotidiano

Mafalda - capaConfesso que sou apaixonada por histórias em quadrinhos e quando há um personagem inteligente, que me desperta reflexões, aí é que o amor me pega de jeito! <3

Foi assim com a Mafalda, criação do cartunista argentino Joaquín Lavado, popularmente conhecido como Quino. Curiosa, é através do rádio e da televisão que procura explicações sobre os problemas mundiais, avaliando o contexto sociopolítico da época [ditadura argentina] por meio da vivência familiar, do convívio com seus amigos e das situações cotidianas que, muitas vezes, parecem injustas e contraditórias diante de tudo que lhe é ensinado no dia a dia.

Bem-humorada, irônica e cheia de atitude. Posso dizer sem medo que Mafalda é meu xodó dos quadrinhos! Para você ter noção, não só li toooodas as tirinhas (são mais de 2.000!) como também levei a “pequena infante” para ser tema da minha dissertação no mestrado. No entanto, o aprendizado que ela me deixou pouco se atém ao universo acadêmico, amplia-se à vida:

1 – Se a gente não disser, ninguém vai adivinhar

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Muitas vezes, nutrimos sentimentos de amor, afeto, tristeza, mágoa ou até mesmo raiva por alguém e, por mais que eles nos pareçam óbvios, a outra pessoa nunca terá ideia dos nossos pensamentos se não os dissermos.

Não estou falando do “eu te amo” mecânico ao fim de uma conversa por telefone ou de um “eu nunca mais quero te ver” depois de uma discussão. Falo de elogios ditos depois de uma conquista, de conversas francas depois das brigas, de pedidos de desculpas, de afastamentos sem joguinhos ou de um e-mail escrito para aquele amigo que você não vê há um bom tempo.

No que diz respeito a sentimentos, informação liberta a alma.

2 – A sua vida não está sob seu total controle

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Talvez essa seja a coisa mais difícil de aceitar porque, de forma geral, queremos que as coisas saiam do jeitinho que planejamos. No entanto, basta a primeira década chegar ao RG para percebermos que não é tão simples assim.

Você traça seus objetivos, se esforça para alcança-los, mas nada – absolutamente nada – garante que eles chegarão na hora que imaginou. Já dizia Drummond: “No meio do caminho, tinha uma pedra”. E, se ela for grande, você precisará se reorganizar. Aconteceu comigo e acontece com todo mundo diariamente.

Vi meu irmão conversando normalmente e, segundos depois, entrando em coma num hospital. Cancelei uma viagem faltando menos de 24h para embarcar porque não sabia se estava fazendo o melhor pra mim. Peguei um avião sem pensar duas vezes só para ver um amigo por um dia e matar a saudade… Já me surpreendi com situações absolutamente despretensiosas e me decepcionei quando vi que muita coisa que desejei nem era tão boa assim.

É preciso ter coordenação motora se quiser pintar a vida porque de tracejada ela não tem nada.

3 – Amizade é fruto das diferenças

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Eu tenho amigos que são tão diferentes de mim que, às vezes, fico me perguntando como sobrevivemos uns aos outros. Sério! Mas o fato é que são justamente essas pessoas que nos fazem enxergar o mundo sob outras perspectivas e entender que amizade é fruto das diferenças.

Não tem muito o que explicar. Ninguém escreve num caderninho características ideais para construir uma amizade. E, certamente, se você tivesse essa oportunidade, iria descrever todos os seus amigos do jeitinho que eles são. Inclusive, com todos os motivos pelos quais, de vez em quando, vocês se odeiam.

4 – Dinheiro não é sinônimo de prosperidade

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É incrível como as pessoas se baseiam no capital para ilustrarem suas perspectivas de vida. “Quero passar num concurso para ganhar mais dinheiro”, “Vou investir em imóveis porque dá mais dinheiro”, “É melhor você desistir de Enfermagem e cursar Medicina porque dá mais dinheiro”, “É melhor que ele aprenda três idiomas porque é o que dá mais dinheiro”.

Óbvio que vivemos num mundo capitalista, onde o direito de ir e vir custa, no mínimo, a passagem de ônibus. Mas até quando mediremos a nossa felicidade pelo dinheiro acumulado?

Existem cargos de ouro que aprisionam a alma. Existem pessoas que libertam a alma por muito pouco. Prosperidade é saber administrar a vida porque daqui a 30 anos você pode ter acumulado uma fortuna, mas daqui a três minutos você pode estar perdendo tudo.

Mafalda me ensinou tudo isso e muito mais! Sou grata a ela não só pelas mais de duas mil tirinhas que precisei ler para estudá-la a fundo, mas pelas lições de vida que me deu em cada página. Mafalda é muito, muito ♥.

A coletânea com todas as tirinhas da Mafalda pode ser encontrada aqui.

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira
30 de abril de 2015

Sobre os percursos dos sonhos

Crônicas

A filha da vizinha cresceu brincando com os bichos e os retratos até então tirados com orgulho pelos pais viraram chacota quando ela demonstrou dúvidas na escolha do vestibular para Biologia ou Veterinária. Para eles, se é para cuidar de animais, que sejam os humanos! Dão mais status. O que fazer?

Um primo passou meses juntando dinheiro para fazer um mochilão pela Europa. Num encontro ao acaso, diz não saber se vai colocar o plano adiante, pois precisa trocar de carro. O dele não é do ano. O que você me diz?

Sua amiga vive infeliz no cargo que desempenha numa grande empresa. Semana passada, contou – com brilho nos olhos – que a convidaram para ser editora numa revista de decoração, recebendo menos do que o emprego atual. O que você acha?

A moça no programa de TV passou a adolescência colecionando fotos de vestido de noiva. Depois de ser pedida em casamento, seu noivo lhe disse que mobiliar a casa nova custava o preço do conto de fadas. E agora?

Seja qual for a situação, ficar na dúvida dá medo. É estar sozinho diante de um caminho que você já imaginava ter traçado, mas na verdade mal começou. Chega uma hora em que não se sabe qual lado seguir. Não se define entre percorrer o quente do asfalto ou procurar pelo abrigo na hora da chuva, mas sabe-se que, independente da escolha, deixará algo para trás.

É bom que seja um capricho, uma vontade, um apego ou uma paixão, mas que não sejam os sonhos. Uma vez abandonados, eles tornam frágeis até mesmo as estradas mais seguras, deixando ainda mais perigoso o seu retorno.

Faça Veterinária ou Biologia, compre um carro novo depois de conhecer a Europa, aceite uma proposta de emprego que tenha como estabilidade a sua alegria e diga o tão sonhado “sim!” onde quis a vida inteira.

No fundo, no fundo, você sabe que o mais importante é estar num lugar onde se possa ter bons sonhos!

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira
29 de abril de 2015

O bojo infantil e a adultização vendida às pressas

Beleza

Semana passada, circulou na internet a imagem de um catálogo de produtos na qual uma criança aparecia vestindo um sutiã com bojo numa super oferta.

Oi? Sutiã com o quê? Para quem?

sutiã-infantil_bojo
Lembro quando ganhei meu primeiro sutiã, aos 8 anos. Branco, com florzinha azul e uns babadinhos na alça. Algodão puro, coisa mais linda! Não foi comprado para me transformar numa mulher, mas para evitar a zoeira dos meninos – também de oito anos – dizendo que “a blusa da escola estava com o farol ligado”.

Sei que não é uma época muito confortável. Ao mesmo tempo em que a gente se sente o máximo por estar ficando “mais velha”, também se depara com o estranhamento das mudanças do próprio corpo. É uma transição com altos e baixos, com limites, inclusive no sutiã.

E não, não é do tamanho 40 ao 48 que estou falando. É da venda de uma beleza que tem a sua exata hora de chegar, mas que é comprada às pressas. Pela indústria, pela mídia, pelos pais e, claro, pela própria ingenuidade infantil.

Sutiã com bojo fica lindo! Arruma os seios, dá volume, deixa a blusa mais bonita e sacia desejos. Dos adultos, não das crianças.

Virar mulher é muito mais complexo que ter dois seios fartos. Quer ajudar? Venda vergonha para adultos. Sem oferta, mas com reposição de estoque sem fim!

Pela atenção, o bom senso agradece.

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira