05 de outubro de 2016

Quatro de outubro ou o dia em que eu nasci de novo

Crônicas

Quando fecho os olhos, ainda consigo ver o cavalo correndo a todo vapor. Naquele milésimo de segundo de ontem, quatro de outubro, enquanto colocava as mãos no rosto e inclinava o corpo para a direita, meu único pensamento foi: “Meu Deus, vamos morrer!”

O barulho da batida foi rápido demais e, ao mesmo tempo, ensurdecedor. Depois, fez-se um silêncio inexplicável. Abri os olhos e, sentindo os estilhaços do vidro pelo corpo, vi as luzes dos outros carros na estrada. Imediatamente pensei: “Estou viva! Meu Deus, estou viva!”

Mas ter a minha vida de volta, definitivamente, não era o bastante. Eu queria olhar para o lado e encontrar o meu namorado vivo, bem, como dois, três segundos atrás. Senti tanto, tanto, tanto medo. Um medo que jamais pude imaginad e que só passou quando ouvi um “Amor, tá tudo bem?”. Encho os olhos de lágrima só em lembrar... “Acho que sim.”

Do lado de dentro, o conforto e a certeza de que estávamos vivos. Do lado de fora, muita solidariedade. Dos transeuntes, dos policiais, dos socorristas…

Queria sair do carro, mas não antes de avisar ao meu pai sobre o acidente. Não antes de explicar onde estava e o que tinnha acontecido. Não antes de verbalizar para alguém da minha confiança que Marcilio e eu estávamos bem e… vivos.

Vivos! E eu nunca fui tão feliz em constatar e escrever isso. Nunca fui tão feliz em perceber que as coisas mais importantes da vida não são coisas…

A Deus, muito, muito, muito obrigada pela vida. A de antes e a de agora.

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira