18 de dezembro de 2013

Os táxis na Argentina e a lenda do “assalto a turistas”

Argentina, Viagem

Se você foi ou vai a Buenos Aires, certamente já ouviu inúmeras más histórias sobre táxis na Argentina, sobretudo no que diz respeito ao repasse de notas falsas a turistas. Parece mentira, mas a primeira coisa que você ouve quando diz que vai a terras porteñas – até mesmo de quem nunca esteve lá – é: “Tenha cuidado! Taxista lá rouba todo mundo!”

Esse “boato” circula o mundo há quase duas décadas e, claro, como todo boato, tem sua razão de existir. Assim como todo mundo, fiquei com medo, arquitetei planos de fuga, anotei na agenda uns dez telefones de Rádio Táxi, procurei saber como eram feitas as notas falsas … Enfim, incorporei a “lenda urbana portenha” e, ao chegar lá, vi que a realidade é bem diferente do que conta a nossa tão sábia internet.

Já no domingo, quando cheguei, minha hostmother agendou o táxi que me levaria à escola, pois eu tinha que chegar às 8h e não sabia o caminho até lá. Ela me garantiu que a empresa era de confiança e fiquei toda feliz quando vi que a mesma estava na minha lista de “Táxis seguros”.

Às 7h20, o porteiro interfonou avisando a chegada do taxista. Desci e vi um senhor bem simpático me aguardando, que se apresentou como Juan e me perguntou aonde desejava ir. Fomos conversando até a escola e, dentre outras coisas, perguntei se a lenda dos taxistas era verdadeira. Ele deu risada e me perguntou se eu estava com medo de que ele me roubasse! Procurei um buraco pra me enterrar já no primeiro dia, né?! Mas mantive a pose de jornalista (rsrsrs) e expliquei a situação.

Há mais de 42 mil táxis na capital argentina e a espera é menor que cinco minutos!

Ele me explicou (bastante desapontado) que, de fato, esses “golpes” aconteceram entre os anos de 1995 e 2003, quando havia muito fluxo turístico na cidade e alguns taxistas se aproveitavam da euforia dos turistas, adulterando taxímetros e até mesmo repassando notas falsas. Daí o motivo da fama.

Ele me disse ainda que, por conta disso, os turistas são orientados a pegar apenas táxis cadastrados em empresas e evitar os táxis de rua, mas me fez o seguinte questionamento: “Sendo o taxista cadastrado ou não num rádio táxi, você anota a placa do carro, o nome do profissional e o telefone da empresa antes de entrar no veículo?”

Nem eu e, provavelmente, nem você.

Buenos Aires tem mais de 42 mil táxis legalizados circulando pela cidade (dentre rádio táxis e “livres”), todos na cor preta com faixas e informativos em amarelo. E lá os carros rodam sem ponto fixo, ou seja, você sequer demora mais que cinco minutos para conseguir um transporte. O que ele me orientou, de verdade, foi evitar as notas de $100 não pelo troco falso, mas pela escassez de notas pequenas mesmo.

táxis na Argentina
Conheça as notas e moedas argentinas.

Fiz o que ele me recomendou e andei de táxi inúmeras vezes, livre da lista que havia feito e dos medos que a internet me causou. Quando informava o destino, perguntava se o lugar era legal, puxava papo mesmo. Afinal, queria treinar a todo custo meu espanhol, né?! E, assim, dei muitas risadas e ouvi várias histórias de profissionais que ralam diariamente para sobreviver num país em crise. Além de dicas ótimas de passeios, restaurantes e serviços para as minhas próximas visitas. :)

Ah, é bom anotar também as ruas transversais do seu destino. Diferente das cidades no Brasil, em Buenos Aires a direção dada ao motorista deve incluir a rua do local desejado e a mais próxima. Assim, o taxista saberá direitinho se localizar. Com essas informações, você também já pode ter uma base de quanto vai custar a corrida antes de sair de casa. Basta clicar aqui

Procure evitar as notas de $100

Posso ter tido sorte, claro, mas não me deparei com qualquer taxista malandro e acho que, tendo cautela (isso vale para qualquer lugar), não há motivos para tanto desespero. Minha recomendação é sempre andar com notas pequenas na carteira, saber as ruas que cruzam o seu destino e ter em mente que gentileza gera sempre gentileza. Aqui ou em qualquer lugar do mundo!

O único porteño trapaceiro da minha viagem foi um motorista de ônibus torcedor do River Plate, que me fez descer a DEZ quadras do Bombonera! Mas isso é assunto pra um post futuro…

Beijo!

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira