25 de maio de 2015

Sobre o poder das palavras

Crônicas

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Semana passada, recebi um e-mail cheio de palavras carinhosas de uma menina chamada Luciana, alguém que não conheço pessoalmente. Dentre elogios ao blog e aos textos, li o seguinte comentário:

“Aquele seu texto, Sobre querer bem, foi um dos mais incríveis que já li na vida. Senti que todas as palavras me abraçaram neste momento tão triste que estou passando e, nos últimos três meses, foi a única coisa que me fez sorrir”.

Fiquei muito emocionada e, confesso, chorei. <3

As palavras têm um poder enorme nas relações humanas. Acolhem, confortam, alegram, encorajam, reatam laços, fazem com que ganhemos um outro olhar sobre a vida.

Quantas vezes você não se deparou com palavras amigas que clarearam ideias e decisões? Quantas brigas não foram encerradas com um Eu te amo ou um Desculpe, eu errei…? Talvez você não tenha percebido, mas aquele Eu sei que você vai conseguir! foi o impulso que faltava para que seu sonho se tornasse realidade. Talvez você também nem saiba, mas aquele Durma bem é o que faz alguém se sentir protegido e fechar os olhos tranquilamente. Palavras amortecem a alma.

No entanto, muitas vezes, são elas que também afastam, machucam, dão nós, desprotegem e matam todo e qualquer sentimento.

Quantos Não quero saber! ditos no calor de uma briga impediram uma reconciliação? Quantas decisões e responsabilidades foram transferidas naquele Ela é quem sabe!? Quantos receios foram plantados ao ouvir Desse jeito, você não vai conseguir. Quantas lágrimas rolaram depois daquele Não me procure mais? Palavras são verdadeiras armas de fogo e, assim como na vida real, há quem as utilize clandestinamente, apenas para ferir o outro.

Seja de que forma for, palavras têm poder. Ora libertam e inspiram, ora aprisionam e devastam, mas o mais importante é que você pode escolher que tipo de munição pretende usar. Basta, antes, certificar-se do porte…

*Luciana, que a vida atire muito mais palavras felizes em sua vida!

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira
23 de maio de 2015

Li e recomendo: Liberdade crônica

Cotidiano

Há quem diga que meus textos lembram os da Martha Medeiros. Quem me dera! Não que eu subestime o meu trabalho ou a minha vocação, longe disso, mas o fato é que ela tem uma das características mais sublimes e singulares de um escritor: a liberdade em cada palavra.

Ela põe no papel os sentimentos como eles verdadeiramente são, com a leveza de quem tem coragem para enfrentar as coisas como elas são e… pronto! O texto da Martha liberta. A alma e os corações.

Um dos seus livros que mais representa essa característica é o “Liberdade crônica”, no qual estão reunidas mais de cem crônicas sobre sociedade, fé e equilíbrio, a mulher contemporânea, livros, filmes, músicas etc.

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Na verdade, ele é um livro que reúne crônicas da autora publicadas originalmente em outras obras. Delas, destaco três – com trechos – que merecem muito a nossa leitura e reflexão:

1 – O senso da raridade

[…] O senso da raridade sempre nos intercepta na proximidade de uma despedida. Costumamos compreender as coisas tarde demais. Passamos muito tempo ausentes de nós mesmos, anestesiados por um ritmo de vida que parece imutável, até que muda […]

(MEDEIROS, Martha. O senso da raridade. 2014, p.69)

2 – Intimidade

Se alguém perguntar o que pode haver de mais íntimo entre duas pessoas, naturalmente que a resposta não será sexo, a não ser que não se entenda nada de intimidade, ou de sexo […]

(MEDEIROS, Martha. Intimidade. 2014, p.85)

3 – A tristeza permitida

[…] Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria […]

(MEDEIROS, Martha. A tristeza permitida. 2014, p.150)

Pensando bem, tenho uma semelhança com a Martha: amo chocolate quente. Algum dia, ainda quero dividir com ela a mesma mesa do restaurante e lhe perguntar não sobre livros ou sobre crônicas, mas sobre a facilidade de ser assim, tão livre. Algo que ainda estou engatinhando para conseguir <3

Onde comprar:

Livraria Escariz (Shoppings Riomar e Jardins): R$ 29,90
Livraria Saraiva: R$ 20,90 (promoção)
Livraria Cultura: R$ 29,90

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira