Sobre a imortalidade das mães

(Foto: Luciana Aguilar)

Sábado passado, ao descer do táxi, o motorista me disse com tristeza nos olhos: “Se você ainda tem mãe, um feliz dia das mães com ela”. Fiquei com a voz embargada por alguns segundos e, quando consegui me recompor, sorri dizendo “Mesmo quando morre, mãe não deixa de existir, moço, nunca!”

É comum ouvirmos das pessoas cujas mães já não estão mais presentes um triste e sonoro “não tenho mais mãe”, mas mãe é algo que não se perde, nem mesmo com a perda.

Mãe é sentido. Está na cautela dos olhos ao se atravessar a rua virando a cabeça para os dois lados. Está na atenção dos ouvidos quando algo importante está sendo dito. Está no gosto de uma infância que não se apaga da memória. Está nas mãos que dão um abraço apertado na alegria ou que afagam um amigo querido na tristeza. Mãe está no cheiro da vida.

Mãe é onipresente. Está no casaco quentinho que se pega quando chove; na estrada que se pega às seis da manhã porque a da madrugada é perigosa; na cabeça que não se molha antes de ir dormir e na bala que não se aceita de um estranho.

Mãe é escola vitalícia. É o aprendizado que se ganha através das tentativas e dos erros; o ensinamento que se dá para resultados de pequeno, médio e longo prazos; o compartilhamento das conquistas; a vontade de mudar de classe e evoluir, sempre.

Mãe é sentimento. Está na alegria de uma vitória; na tristeza por algo que não saiu conforme o planejado; na angústia do não saber o que dizer; na culpa por ter dito algo que não devia; no colo que se dá ou que se pede; na saudade que não tem tamanho.

Mãe é a única coisa que não se perde. Mãe é sempre inteira, ainda que não se veja.