03 de agosto de 2016

Que mania estranha você tem! “É para viver melhor…”

Crônicas

Qua é a sua mania mais estranha? Foi o que me perguntou uma amiga antes de discorrer sobre a mania ~muito estranha ~ do namorado de só amarrar os cadarços dos tênis ao chegar ao seu destino final.

Perguntei se era superstição, mas ela me disse que era mania de criança mesmo e que não adiantava nadinha argumentar que ele pode tropeçar, cair, quebrar a perna ou morrer durante o trajeto: “Ele não sabe fazer diferente”.

Dei risada, mas não duvidei. Também não sei fazer diferente um monte de coisa que, para os outros, soa estranho.

mania estanha

Supermercado, por exemplo. Só sei fazer supermercado sozinha, aliás, comigo mesma. Tem diferença? Tem. Enquanto eu pego os produtos, fico conversando – em voz média – com outra Jéssica que, claro, sou euzinha aqui, mas meu cérebro entende que é alguém que me acompanha, divide a euforia das promoções e as angústias da crise. E não adianta outra pessoa querer me fazer companhia. Fico nervosa se não dialogo – em voz média – comigo mesma diante das prateleiras…. Mania estranha, mas não sei fazer diferente.

Para viajar? Seja de carro, ônibus ou avião, o uniforme é o mesmo: calça confortável, camisa para suportar o frio e tênis ou sapatilhas. Ah, o brinco precisa ser pequeno e jamais coloco acessórios nos braços. Gostaria de dizer que é por conforto mesmo, mas é medo de ficar presa caso aconteça alguma tragédia. Tudo bem, se o avião cair, sei que não tem volta, mas não adianta. Não sei fazer diferente…

Também não sei chegar às 8h em nenhum compromisso. Marque 7h, 7h30, 8h30 ou 9h, mas não marque 8h. Não sei o que acontece, juro! Por sorte, meu médico compreendeu perfeitamente quando marcou uma cirurgia sete anos atrás para 8h30. Era melhor garantir, já que não consigo – de verdade – fazer diferente.

Tenho crise de riso quando fico nervosa. Só sei ler revistas de trás para frente. Na escola, só conseguia responder às provas do mesmo jeito. Segurar a mão do namorado com a minha mão direita? Um suplício! Música, só se for num volume em que consiga ouvir perfeitamente as outras pessoas. Lavar roupa, só cantando. Dormir, só do lado direito da cama. Rabada? Nunca experimentei, mas não gosto! Feijão com peixe? Não como, não combina!

Lendo assim, até parece que sou cheia de manias estranhas, mas, cá pra nós, deixar o cadarço desamarrado até chegar ao destino é demais! Não consigo. Não mesmo. Visualizo o tropeço só em pensar…

Jéssica Vieira
Jéssica Vieira